Todas as histórias postadas, são reais, contadas por pessoas que passaram por uma situação de anafilaxia, e seu conteúdo são de responsábilidade única e exclusiva, das pessoas que ás enviaram.
Desta feita, todo o conteúdo aqui postado, foi devidamente autorizado por escrito pelo responsável pela história, e o conteúdo de suas histórias não tiveram alterações em seus contextos.
Equipe: ASBAI - Anafilaxia Brasil
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MINHA PRIMEIRA CRISE FOI AO INALAR CHEIRO DE UMA TINTA DE PAREDE, COM PLACAS E FALTA DE AR. OUTRA CRISE FOI AO IBUPROFENO, COM EDEMA DE PESCOÇO, GARGANTA, OLHOS, PLACAS, FALTA DE AR. FUI SOCORRIDO NA EMERGÊNCIA PRÓXIMA À MINHA CASA.
Olá, Rafael!
Seu caso é muito parecido com o que comentamos na semana passada: intolerãncia a AINEs (antiinflamatórios não esteroidais), grupo este do qual o ibuprofeno faz parte. A tinta de parede está fora desse grupo e isso precisaria ser melhor investigado.
Muito grata pela sua participação!
Quando criança e adolescente, comia frutos do mar e sentia muita coceira, especialmente na garganta. Se fosse uma refeição fora de casa, minha mãe dizia que era frescura e mandava comer tudo que tinha no prato. Óbvio que ninguém tinha conhecimento na época sobre isso, mas desde pequena sempre gostei de provar tudo, comia de tudo. Aos 21, em férias na praia, fui provar casquinha de caranguejo e acarajé, mas não consegui comer, a coceira era insuportável. Ninguém reparou, estava no carro voltando de uma praia distante, comecei a ficar vermelha, inchar, manchas, caroços apareciam, sangrava um pouco de coçar... esperei chegar em casa para falar. Assim que saí do carro, pedi ajuda a meu ex-sogro que era médico, ele que era normalmente tranquilo, começou a gritar pedindo à esposa para pegar duas injeções anti-histamínicas e outras coisas. As pessoas olhavam pra mim e choravam. Acordei não sei quanto tempo depois, tinham me dado banho e cuidado da minha filhinha de 2 anos. Depois ouvi meu sogro dizer que eu estava morrendo e não daria tempo de chegar ao hospital.
MINHA PRIMEIRA CRISE FOI AO BUSCOPAM COMPOSTO, NA EMERGÊNCIA DA UNIMED. O MÉDICO QUE FAZIA O ATENDIMENTO NÃO SABIA O QUE ESTAVA ACONTECENDO: MEU CORAÇÃO DISPAROU, TIVE EDEMAS, PRESSÃO BAIXA E COMECEI A PERDER A CONSCIÊNCIA. MANDARAM MEU ESPOSO SE RETIRAR E UMA ENFERMEIRA, QUANDO VIU MINHA SITUAÇÃO, CORREU, COLOCOU MINHA CABEÇA PARA BAIXO E APLICOU ALGUMA SUBSTÂNCIA QUE FOI AOS POUCOS ALIVIANDO OS SINTOMAS. TIVE OUTRAS DUAS ANAFILAXIAS EM AMBIENTE HOSPITALAR, SEMPRE REFERENTE AOS ANTI-INFLAMATÓRIOS. TIVE OUTRA EM CASA, ESTAVA SOZINHA COM MEU BEBÊ E A BABÁ, QUANDO ELA PERCEBEU MEUS LÁBIOS AUMENTANDO, MEUS OLHOS FECHANDO E MINHA PELE TODA CHEIA DE PLACAS. SENTI FORTES DORES ABDOMINAIS, DIARRÉIA E A SENSAÇÃO DE QUE MEU INTESTINO SAIRIA DE DENTRO DE MIM. FOI SEM DÚVIDA A PIOR CRISE. GRAÇAS A DEUS MORAVA PERTO DO HOSPITAL E FUI SOCORRIDA A TEMPO. MINHA MÉDICA JÁ PRESCREVEU ADRENALINA AUTO-INJETÁVEL, MAS É MUITA BUROCRACIA E DISPENDIOSO.
MINHA PRIMEIRA CRISE FOI AO BUSCOPAM COMPOSTO, NA EMERGÊNCIA DA UNIMED. O MÉDICO QUE FAZIA O ATENDIMENTO NÃO SABIA O QUE ESTAVA ACONTECENDO: MEU CORAÇÃO DISPAROU, TIVE EDEMAS, PRESSÃO BAIXA E COMECEI A PERDER A CONSCIÊNCIA. MANDARAM MEU ESPOSO SE RETIRAR E UMA ENFERMEIRA, QUANDO VIU MINHA SITUAÇÃO, CORREU, COLOCOU MINHA CABEÇA PARA BAIXO E APLICOU ALGUMA SUBSTÂNCIA QUE FOI AOS POUCOS ALIVIANDO OS SINTOMAS. TIVE OUTRAS DUAS ANAFILAXIAS EM AMBIENTE HOSPITALAR, SEMPRE REFERENTE AOS ANTI-INFLAMATÓRIOS. TIVE OUTRA EM CASA, ESTAVA SOZINHA COM MEU BEBÊ E A BABÁ, QUANDO ELA PERCEBEU MEUS LÁBIOS AUMENTANDO, MEUS OLHOS FECHANDO E MINHA PELE TODA CHEIA DE PLACAS. SENTI FORTES DORES ABDOMINAIS, DIARRÉIA E A SENSAÇÃO DE QUE MEU INTESTINO SAIRIA DE DENTRO DE MIM. FOI SEM DÚVIDA A PIOR CRISE. GRAÇAS A DEUS MORAVA PERTO DO HOSPITAL E FUI SOCORRIDA A TEMPO. MINHA MÉDICA JÁ PRESCREVEU ADRENALINA AUTO-INJETÁVEL, MAS É MUITA BUROCRACIA E DISPENDIOSO.
Cara Rege Meire (Maceió)
Obrigada por compartilhar conosco sua história.
Vamos aproveitar para comentar sobre anafilaxia em ambiente hospitalar e também sobre antiinflamatórios.
Quando alguém apresenta reação alérgica grave em clínicas ou hospitais, precisamos pensar em medicamentos, mas também em outros alérgenos como látex, clorexedina e até alimentos (especialmente se paciente está internado). O alergista às vezes é tipo um investigador procurando o culpado...
Mas parece que no seu caso a causa da anafilaxia ficou mesmo muito clara, inclusive você teve reação em casa (você não comentou, mas acredito que essa crise também deve ter sido após uso de antiinflamatório).
Os analgésicos e antiinflamatórios são um grupo de medicações muito variadas. É comum os pacientes referirem que são alérgicos a inúmeros remédios, que "tudo dá alergia". Na verdade, quando se investiga melhor, o problema não é que a pessoa tem alergia a muitos remédios, mas sim a um único grupo que comporta vários medicamentos. Isso simplifica muito a questão, pois geralmente tais pacientes toleram outras drogas, como antibióticos, anestésicos, etc. Apenas os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) é que não podem ser utilizados.
O problema é que este é um grupo muito grande. Ácido acetil salicílico (AAS), fenilbutazona, dipirona, diclofenaco, cetoprofeno e vários outros fazem parte. O que eles têm em comum? São medicações inibidoras de uma enzima que se chama COX (ciclooxigenase) que fica na membrana de certas células do organismo. Quando se bloqueia essa enzima, ocorre um desvio metabólico que dimiui as prostaglandinas (o que é ótimo porque são elas que mediam a dor) mas aumenta os leucotrienos ( que são mediadores da alergia). Em pessoas mais sensíveis, isso acarreta angioedema, urticária e até anafilaxia.
Algumas características importantes desse tipo de "alergia" são:
1- Ela não é uma alergia verdadeira! Do ponto de vista imunológico não. Claro que na prática, o que resulta são sintomas que podem ser entendidos como uma grave alergia, mas o que está por trás não são fenômenos que envolvem o sistema imunológico, quer dizer, não existem anticorpos ou células do sistema imune efetoras desse fenômeno. O mais correto é chamar essa reação de intolerância ou hipersensibilidade. Disto decorre que não há testes alérgicos convencionais para se diagnosticar esse problema, como os prick testes ou pesquisa de IgE no sangue (RAST ou similar). O que fazemos é teste de provocação, onde sempre há risco de se desencadear a reação e por isso, devem ser feitos em ambiente hospitalar. Existem alguns testes mais modernos que não são disponíveis na prática clínica ainda, estando mais em pesquisas (teste de desgranulação de basófilos).
2- Há diferenças de intensidade entre as diversas medicações deste grupo com respeito ao grau de inibição da enzima COX. Existem inibidores potentes como a dipirona, o AAS e o diclofenaco e os mais fracos, como o paracetamol, o meloxicam e a nimesulida. Por isso, vários pacientes não conseguem usar um representante do grupo, mas conseguem usar outro. Além disso, existem inibidores seletivos de uma das isoformas da enzima COX (que é a COX-2) o que resulta numa menor inibição da mesma ( a outra isoforma que é a COX-1 continua ativa e isso ajuda a não desviar tanto o metabolismo para o lado dos leucotrienos). Essas medicações são antiinflamatórios de boa potência e menor chance de dar reação, mas possuem efeitos adversos importantes, especialmente cardiovasculares, motivo pelo qual são comercializados apenas sob receita especial. São os coxibes. Todo paciente que apresenta reação alérgica a AINE deve ser orientado por alergista para encontrar um substituto em caso de dor e/ou febre. Através de testes e da história clínica o médico conseguirá encontra para cada paciente um opção alternativa. O paciente não deve tentar por si só, já que há os mais sensíveis que apresentam reação mesmo aos coxibes e aos inibidores mais fracos da COX.
3- Há diferenças de reação em situações específicas. Aprendemos que na alergia alimentar, alergia a látex e outras alergias IgE mediadas que mesmo quantidades diminutas, como inalação das proteínas alergênicas podem desencadear reação. Isto é diferente na hipersensibilidade a AINEs pois, como vimos, não é uma alergia verdadeira. Muitas vezes o paciente tolera quantidades menores, o que não ocorre quando usa abusivamente a medicação. Outras vezes, em situações de normalidade consegue usar, mas durante febre, período pré-menstrual, voos em aeronaves, etc, adveém a reação. Ou se a medicação é dada por via endovenosa ou intramuscular, quando atinge picos maiores na corrente sanguínea, uma reação que normalmente seria leve torna-se grave. Por isso é que muitas vezes o paciente não acredita que seja intolerante a estes medicamentos, pois, num momento toma e não acontece nada e noutro momento toma e tem reação.
Com relação à burocracia da aquisição da drenalina autoinjetável, nossa luta continua...Infelizmente, não temos aqui no Brasil ainda esta importante medicação. Em caso de anafilaxia a droga, a prescrição de adrenalina autoinjetável depende da maior ou menos probabilidade que o paciente venha a se expor à mesma. Cada caso é um caso.
Bom, o caso de anafilaxia q vou contar infelizmente não aconteceu comigo mas com me filho Felippe.
Felippe tinha apenas 1 ano e 9 meses mais ou menos. Eu não sonhava q existia a anafilaxia. Ele tem alergia a ovo, Clara de ovo para ser mais exata.
Era uma noite de outono e ele não conseguia dormir direito reviravana cama, não achava uma posição confortável... ciquei ele comigo bem próximo a mim e ele estava todo molhada de suor... troquei sua roupa ele estava com os olhinhos meio serrados como se estivesse dormindo achei q em volta de seu lábio estava meio roxinho, mas meu marido disse que não.
Felippe começou a pigarrear como se tivesse um catarro preso na garganta. Quando me deitei ao lado dele o peito dele rondava como se de um minuto para o outro um bronquite se instalasse no pulmão. Chamei ele, balanços ele de um lado para o outro e ele não acordava... Todo molhado de suor de novo as unhas arriscadas, desacordado com um resmungar muito rouco.
Corremos com ele para o Pronto Socorro que fica a 18 Km em Estrada de terra.... choro, medo, desespero... achei q perderei meu menino!
A médica o atendeu e prescreveu inalação com adrenalina e uma dose alta de dexametasona, graças a Deus ele respondeu bem ao tratamento de emergência, porém ela não me explicou q era anafilaxia ou quem eu deveria procurar...SÓ descobri o que era quando ele teve outra crise e procurei um médico particular.... A última crise foi a quase 3 anos!! Espero nunca mais passar por isso!!!!! Triste realidade de alérgicos com risco de anafilaxia no país! Hj Felippe tem alergia a ovo com risco de anafilaxia e asma por movimento faz tratamento contínuo e a família toda faz dieta restritiva ! ! Tenho fe que um dia ele vai melhorar! Deus à frente de td!!!
Comentário
Agradecemos à Andressa que nos relatou esse caso tão importante. O ovo é de fato um alimento muito alergênico, ao lado de leite, soja, peixe, crustácios e castanhas.
Aqui, a particularidade é que quando se trata de criança pequena, a anafilaxia pode de fato ser mais difícil de ser diagnosticada. Vejam que a criança não teve urticária, vermelhidão, angioedema (inchaço) que são sintomas muito comuns na maioria dos casos. Ela apresentou apatia (ficou molinha, pouco responsiva), arroxeada, com choro rouco (o que significa que já estava tendo edema de laringe), sudorese intensa porque provavelmente já estava com hipotensão.
E que grande dificuldade para chegar num Pronto Socorro! Bem típico da nossa realidade brasileira. Por isso, a importância de ter à mão a adrenalina autoinjetável.
Esperamos que o Felippe possa tolerar o ovo com o tempo. Até lá, todo cuidado é pouco para impedir que ele ingira esse alimento: leitura de rótulos, não comer alimentos à granel, não deixar que compartilhe alimentos na escolinha e nem que terceiros alimentem a criança.
Grande abraço!
Meu filho Iuri, nasceu no dia 20 de setembro de 2013, com 37 semanas de gestação, bolsa rota e decorrente de pré-eclampsia. A bolsa arrebentou as 3 h 45' e fui ter ele as 21 h 47' em parto cesária, pois estava preso. atendimento SUS no hospital de Tramandaí- RS.
Minha história com alergias começa na minha infância, quando eu tinha 5 anos tive uma reação anafilática à Dipirona quando recebi por via injetável em um posto de saúde próximo da casa onde morava. Minha mãe conta que fiquei mole, toda roxa, mãos, boca, e simplesmente apaguei. A pediatra que atendia no posto identificou a crise de imediato, e cuidou da melhor forma possível, mas orientou que dipirona para mim nunca mais.
Venho contar um caso de anafilaxia, do tipo mais grave choque anafilatico por ingestão de camarão, porém com final triste.